quinta-feira, março 19, 2009

Onde estive? - Incidentes (Edição do Félix)

Um dia vejo muitas pessoas em minha volta que de gravatas soltas, fazem um silêncio sussurrado entre os passos cadenciados... Algumas pessoas parecem dizer as mesmas coisas mas pouco percebo... Tudo parece ter pouco sentido... Contudo pareço sentir-me bem.

Quero dizer àquela gente alguma coisa mas por algum motivo não consigo mexer-me, o próprio respirar é nulo... ou quase... Percebo que há muito que não usava a fala, parecia simplesmente que a garganta estava colada, que se tinha tornado rígida... é difícil explicar.

Existe um senhor de cores brancas que faz gestos para mim com um ar da simpática inevitabilidade e algo distante lê um livro, como se já o tivesse lido muitas vezes...

Faz-se escuro. Estou ali deitado naquela imperceptível respiração... A superfície parece ser de cetim mas não sei ao certo e no peito puseram uma cruz de metal frio. Um balouço desconcertado faz-se sentir seguido aos ruídos que fazem lembrar estar no meio de uma trovoada... Uma forte trovoada!...


E como sempre... Após a tempestade a bonança! Um silêncio ensurdecedor faz-se ouvir. E teve a duração de muitos anos! É como se todos tivessem desaparecido...

E ali estava eu deitado; e contudo sentia-me bem! Quase que poderia dizer que me sentia feliz.


Mas quem estava ali deitado?


Um Dom Quixote que se cansara de lutar contra moinhos de vento?

Um Sancho Panca que gozara tudo o que havia para gozar?

Alguém com preguiça? Como alguém que bem conheço, às vezes, diz: "O que é que estas ai a fazer alapado?" Alguém que não sabe para onde ir? Que perdeu toda a motivação? Que foi cilindrado pela sociedade? Que prefere não ver o que se encontra ao seu redor?...

Que amara e se decepcionara? Ou se incompatibilizou com a sua contraparte, vulgo sexo oposto?...

Alguém que não quer sofrer?...

Alguém incapaz de novas conquistas?...


Não sei, não sei, não sei e não sei! Pouco importa; o que importa é que gostava de estar ali.


Durante muitos anos fui sobrevivendo com o pouco ar que vinha entre as finas areias, que pareciam envolver aquela estrutura, onde continuava deitado sem qualquer movimento... Só mesmo aquela imperceptível respiração...

Por vezes eram muitos os pensamentos que me passavam pela cabeça... que quase me faziam esquecer que estava ali deitado... Esta agitação do pensar certamente era provocada pelo pouco ar e por uma sensação de sufoco que era permanente... As próprias emoções tinham de ser controladas pois o pouco ar era insuficiente para expressa-las o que parecia comprimi-las ainda mais!...


Durante todos esses anos procurei adaptar-me a esta insuficiência de oxigénio ajustando a forma de viver mas por muito que ajustasse o ar era sempre insuficiente...

Talvez quando lá fora chovia o ar tornava-se mais fresco sendo possível encher os pulmões com ar refrescante que me trazia as vagas lembranças de outros tempos onde era possível respirar de pulmão completo e sentir que o ar que esta dentro é o mesmo que está fora, sentir o ar sem cheiro ou com leves aromas que emanam paz e contemplação... Ou o cheiro da água indolor que exala frescura húmida como a dizer: "Brinca comigo", "Bebe-me, banha-te, lava-te, adoça-te.", "Sê também tu água em mim, tu que também és feito de mim"

(...)

Porque será que me doem os pulmões?

Félix (R.P.)

terça-feira, março 17, 2009

"Lágrima Doce" - Sri Lanka

Lanka do épico Ramayana, Taprobana do período pré-colonial, Ceilão dos Portugueses, Seilan dos Árabes ou Sri Lanka dos Singaleses, esta ilha parece ser todo esse passado-presente que se vai abrindo no meio da luxuriante floresta, num misto de contrastes tão típico destes países do Sul da Ásia, que descrevo desta forma:


"Salgado o Mar azul

Doce a floresta pintada com todos os tons de verde

Salgados os corvos pretos

Doces os pássaros coloridos de arco-íris

Salgada a prisão de Sita por Ravana em Sita Eliya

Doce a sua libertação por Rama e Hanuman

Salgadas as vontades que procuram apagar os poucos sinais da presença Portuguesa

Doce a presença de Santo António e a devoção que perdura desses tempo

Salgado o controlo (necessário ?) das tropas nos locais de peregrinação

Doces as árvores milenares que preservam em si recordações dos primórdios do Budismo

Salgadas as águas destruidoras do "tsunami" (1)

Doce a cooperação vinda do exterior

Salgado o conflitos entre tropas e Tigres Tamil

Doce a convivência entre as várias comunidades religiosas

Salgadas as manipulações dos homens que detêm poder

Doces a paciência das gentes simples

Salgada a forma como se conduz

Doce a água refrescante dos cocos

Doce as plantações de chá nas montanhas de Nuwara Eliya e o ar penetrante que ai se respira

Doce a oportunidade de poder contactar a "Lágrima Doce"


Nota: De acordo com fontes no local cerca de 53000 expiraram.

Relacionado com o maremoto (tsunami)... Uns dias antes de chegar a Baticaloa lia que aí ainda existia quem falasse uma espécie de dialecto com base lexical Portuguesa o que despertou um pouco a minha atenção... Seria interessante encontrar alguém que o falasse... Ao perguntar acerca de tal eventualidade a um local, ouço a seguinte resposta: "Conhecia dois ou tres e foram levados pelo 'tsunami'!!! Perante tal afirmacao secaram-se-me as palavras!

Os diamantes de Niraj

Conhecera Niraj no Atmakuteer (casa da Alma) em Rishikesh reencontrando-o no Yacharam Ashram, no Andhra Pradesh, depois de ter saltitado pelos locais descritos na última edição.

De Rishikesh viera Guruji e de vários pontos de Andhra Pradesh os vários membros (como usualmente costumam chamar-se); Inderjeet Babaji, "antigo discípulo de Guruji, é o anfitrião da "Yajnya celebration".


O endereço que transporto era Sai Krupa Ashram, em Hyderabad, onde me dirijo e é lá que tomo conhecimento da existência deste Yacharam Ashram e da dita celebração.

Pouco tempo depois um jeep aparece e alguns conselhos são me transmitidos, num estilo bem Indiano. Mais tarde estamos a percorrer uma estrada de terra; a paisagem é semi-desértica, os campos estão coloridos de amarelo-torrado e salpicados por verde pálido das poucas árvores e arbustos que aumentam de número junto das formações rochosas; uma delas é de base granítica que mais tarde chamaria de "O Vulcão" e à esquerda uma curiosa linha de pedras negras, que se estende por vários quilómetros...

Uma tenda improvisada para o acontecimento serve como suporte logístico e é lá que se encontra Inderjeet Babaji, que vejo pela primeira vez. Prosto-me em sinal de respeito e é a ele que entrego uma caixa de doces, respeitando assim uma tradição Indiana e verbalizo algumas palavras às quais ouço como resposta: "Não importa se dás muito ou pouco mas a intenção da dádiva, é que deve ser verdadeira". Talvez não só pelo que acabava de ouvir mas a forma como ouvi aquelas palavras que simplesmente me fazem sentir como se tivesse acabado de chegar a casa!


Muitas coisas aconteceram durante estes três meses que estive ligado a este espaço, sem que tivesse previsto o quer que seja; tudo foi acontecendo como se já estivesse previsto e eu só tivesse que saborear aquilo que vinha ao meu encontro. Se momentos há em que as incertezas pareciam dominar (e por vezes, parece), a experiencia que ali se desenrola mostra que esses receios são infundados, não mais do que criações da mente.


O dia seguinte era o inicio do silêncio de Niraj. Conhecido por "Mauna" o praticante compromete-se a manter total silêncio durante determinado período de tempo. No presente caso o compromisso era de 90 dias. Guruji e Babaji abençoaram-no e ele pede a bênção dos presentes num gesto simbólico de inclinar perante cada um dos presentes tocando-lhes os pés.


Depois destes dois primeiros dias regresso ao Ashram de Hyderabad onde sigo alguns conselhos de Inderjeet Babaji que são muito direccionados para o relaxamento profundo, onde o objectivo é trabalhar as tensões profundas desta mente-corpo. Percebi então que aquilo que chamamos de Paz não passa de um estado de Ser, que se manifesta quando relaxamos das nossas tensões e agitações da mente. É nesse Silencio interno, que ao ser sustentado nos trará a Paz que abrirá as portas para as realizações internas e auto conhecimento. Posto assim pode parecer fácil mas a mente é algo bem "poderoso" cheio de "entroncados". Uma vez dizia a Babaji: "É tão difícil alcançar e manter esse estado de relaxar completamente". Ele responde: "Sim é difícil mas não impossível!" A mente agarra-se aos padrões habituais e resistirá... trazendo à superfície as mais diversas dificuldades, qual material que domina escondido nos véus do subconsciente!

Para quem quer conhecer o que existe lá no fundo, bem escondido nestas caves, conciliar técnicas de relaxamento, silencio, alguns exercícios de Yoga, um banho de agua fria ao nascer do Sol, fazer alguns exercícios de Pranayama, deixar-se envolver num ambiente de espiritualidade sobre a orientação de alguém que percorreu estes caminhos, pode transportar a percepção crescente do que é viver em Bem-Aventurança.

Infelizmente, três meses só dá para ter um pequeno contacto, mas é o que é; contudo essa pequena percepção é o contacto com a Vivência, que apesar de precisar de muito trabalho é o suficiente para dizer:

"A minha busca terminou".

Verbalizar tal frase para alguém que tem percorrido milhares de quilómetros tem um sabor muito especial. Quando reflectia a primeira vez acerca desta questão todas as células do meu corpo pareciam vibrar de jubilo, alegria e comoção!...


É com Ira, um ser muito bonito, que retorno ao Yacharam Ashram, onde Niraj continua o seu silêncio, deixando crescer a barba e usa trajes Indianos muito simples...


Envolvo-me, como que contagiado, na prática do silêncio que estendo durando 40 dias, onde contacto com novas realidades que antes pareciam não existir, o que por si só aumenta a dificuldade de as explicar.

Tópicos como novas percepções na relação com a natureza parecem trazer significados cada vez mais profundo, p.e., os nossos movimentos e os dos pavões selvagens pareciam tornar-se cada vez mais próximos, para podermos variadíssimas vezes contemplar estas criaturas sensíveis, consideradas sagradas, em voos coloridos ao por do sol ou ouvi-los em seus cantos a anunciar um novo dia...

Quanta beleza transportam os papagaios que no seu chilrear agitado parecem voar de acordo com determinados movimentos energéticos que vão mudando ao longo de um dia...

Ou as diferentes "vibrações", facilmente percebidas em meditação, provenientes daqueles solos onde não serão alheios os vários fenómenos geológicos que ali ocorreram; Não terá sido por acaso que Niraj sonhara com papagaios comento diamantes e pérolas naqueles solos...

Ou viver sem espelhos...

Ou o mundo dos sonhos que parece entrelaçar-se cada vez mais com a realidade...

(...)

Parece um novo mundo a abrir-se lentamente à medida que nos solidificamos nessa tranquilidade e vamos relaxando de todas as tensões, que nada mais são que identificações às quais nos agarrámos mantendo ligações energéticas, normalmente desconhecidas conscientemente, que alimentam um eu ilusório; "atafulhando" permanentemente as nossa mentes "internas"; e parece ser no meio desse "entulho" que criámos a ideia de liberdade que certamente nunca encontraremos...

(...)

Ira há muito que viajara para Rishikesh, Niraj também regressara com Guruji que viajara ao nosso encontro após aqueles três meses trazendo um sabor muito, muito especial; eu prolongo o meu silêncio preparando-me também para viajar ate ao Sri Lanka.


Estou na minha cabana de canas de bambu e cobertura de palha de arroz, deitado no colchão irregular que tem a espessura suficiente para não deixar passar o frio do piso de cimento e qual não é o meu espanto ao ver uma cobra serpentear em minha direcção, vinda debaixo do pequeno altar que tinha mesmo ali em frente dos meus olhos. Vinha com a tranquilidade de quem faz uma visita amigável; eu admiro-a, nas suas cores de branco e preto, entre o incrédulo e a compreensão do simbolismo de tal acontecimento precisamente no ultimo dia de silêncio e permanência no Ashram. Como Babaji diz: "Não é coincidência, mas sim o sistema!" (precisamente no mesmo sentido em que Prem Baba diz: "A linguagem do Universo é a sincronicidade").


(Abaixo está uma correspondência que enviei logo após esta experiencia que parece falar por si).


"Saudações de Luz...

Nem sei bem por onde começar...
Terminei no dia 14 (de Fevereiro) a prática do silêncio que acabou por durar 40 dias completos. Que experiência! Nunca tinha andado por tais caminhos... E na realidade a percepção que ficou é que o Verdadeiro ainda não tinha começado! Viver totalmente no SILÊNCIO o quão maravilhoso não será?! A experiência por que passei parece ter sido um aproximar a uma janela onde tudo "vibra" noutra frequência! Tal prática permite começar a solidificar estruturas que só vagamente eram tocadas dando o devido tempo para que cresçam para lá dos receios, alterações mentais... que surgem na mente."


"Que o Puro Amor seja vivenciado"

Rui

Próxima edição: "Lágrima doce" - Sri Lanka

Razões várias para comer animais

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"Eu nao posso mudar nada
mas tu podes"
R.P.

sábado, março 07, 2009

Em direcção ao Sul

(A viajem pelo Nepal e posteriormente, pelo Bihar, clarificaram o passo a dar em seguida, mas como tudo acontece é algo que talvez um dia venha a abordar... Pelo simples motivo de fazer parte de um presente que ainda preciso de digerir.)


Em Rishikesh;

O reencontro com Rishikesh fora atribulado fazendo-me alterar os planos abruptamente; contudo, também estas alterações parecem fazer parte do "plano" que cada vez mais me afastam do meu querer pessoal. Uma atitude aceitante destas alterações tem revelado significados e experiências que de outra forma, certamente, não aconteceriam...


Rishikesh tem-se tornado numa segunda casa neste deambular por terras da Mãe Índia. O próprio nome transporta um significado profundo (Rishi+Kesh), que significa "cabelo do Rishi". Posto assim parece não ter nada de especial, mas na cultura Hindu, "Rishi" é aquele Ser que compreendeu, não só as leis físicas, mas também as leis dos planos invisíveis, tendo poder para actuar em todos estes planos; "Rishi" é uma espécie de cientista conhecedor de todos os planos da manifestação. A linguagem dos símbolos, refere "cabelo" como "vibração"; querendo isto dizer que naquele solo estas qualidades estiveram e estão presentes, afectando, normalmente inconsciente, todos aqueles que por ali passam.

Não será por "simples acaso" que um ano antes (ultima série de fotos deste blogue) recebera a iniciação no Mantra Guru (Diksha) com todo o simbolismo do corte do cabelo (corte das vibrações antigas) com a oferta ao Ganges (Mãe Ganges) de tudo o que é velho para deixar crescer as novas vibrações que serão uma emanação do ritual em si e da energia do local. (...) Todo este ritual acontece sem que tivesse qualquer ideia destes significados.


Em Delhi;

Dois ou três dias depois, encontro-me em Delhi, onde consulto dois médicos acerca de algumas mazelas algo recorrentes, recebendo a informação que não haveria nada de especial, o que me deixou mais tranquilo... O sadhana regular com práticas tipo meditação, Yoga, técnicas de relaxamento... parecem ajudar a trazer à superfície estas mazelas que uma vida mais virada para o exterior deixa passar despercebido. O outro aspecto é que as práticas em si actuam na própria mente tornando-a mais sensível (...), e quando não sabemos o que está em causa, o melhor mesmo é ir ao médico! :)

Entre o médico e as viagens no moderno metro de Delhi ainda pude ver o Red Fort (Forte Vermelho), construção sultana do Império Mugal, misturado com as construções no interior das muralhas de edificações do Colonialismo Britânico, ou o frenético mercado das especiarias e frutos secos, mesmo ali em frente.

Caminho por Dedhi entre estes mistos de cultura e algumas conversas que tenho pontualmente com os locais e outros viajantes; lembro-me de uma questão de um Japonês que se admirava acerca do Portugal do presente parecer desaparecido quando comparado com o Portugal de outros tempos, ou do Esloveno que aparecendo no meio da conversa, conta a história, ainda indignado, do aparecimento de um jogo popular na Índia, que envolve episódios macabros de uma "donzela" Portuguesa...

Delhi mostrou-se agradável mas a minha atracão por cidades parece reduzir-se a muito pouco...


Em Agra;

A minha descida leva-me ao famoso Taj Mahal que sem dúvida é digno de ser apreciado. Foi dedicado a Mumtaz Mahal, segunda mulher do Imperador, que morrera ao dar à luz o 14º filho. Em sua memória o Imperador, Shah Jahan, edifica este mausoléu, onde também ele viria a ser sepultado; Tagore, poeta de Bengala, virá a descrevê-lo tão simplesmente como: "Uma lágrima na face da eternidade".


Não muito longe fica também o mausoléu de uma das maiores referencias da India, Akbar, que segundo varias fontes fora um dos mais sábios governantes da Índia. Se bem me recordo, Akbar, promovera vários encontros inter-religiosos num espírito de tolerância e partilha, onde também os Portugueses, provenientes de Goa, participaram.


Em Ajanta e Ellora;

Um pouco mais abaixo, mas já no Estado do Maharashtra, visito Ajanta e Ellora num entalhado de Templos escavados na rocha que parecem concorrer entre si ao premio de arquitectura, onde as três religiões ancestrais da Índia se encontram representadas: Hinduísmo, Jainismo e Budismo.

O Lonelly Planet refere que Ajanta após o seu período áureo, 200 a.C. a 650 d.C., só viria a ser redescoberto em 1819, por um caçador Inglês. Pergunto-me qual não deveria ter sido o espanto deste Inglês ao deparar-se com tais constrições que apresentam um assinalável estado de conservação; não só as edificações mas muitas das estátuas e inclusive pinturas sobreviveram nos domínios do subconsciente da Humanidade para reemergirem novamente à luz de um novo dia.


Em Yacharam Ashram;

A minha descida levava-me para o Andhra Pradesh, não longe de Hyderabad, procurando eu o "meu" Guru que me parece fugir por entre os dedos.

Curioso o detalhe de um dia ter desejado visitar as nascentes do Ganges, no Himalaia, e parece que a viajem me leva cada vez mais para Sul. Neste momento encontro-me no Sri Lanka, não longe do ponto mais meridional!

Talvez o descer faca parte da subida. :)


(A próxima edição será acerca desta experiencia, no Yacharam Ashram, que dei o nome de "Os diamantes de Neeraj", passado durante a segunda quinzena de Nov., Dez. 08, Jan. e primeira quinzena de Fevereiro de 09.)


Saudações de LUZ

segunda-feira, março 02, 2009

Definição de Poesia

Desde sempre houve um impulso secreto para escrever poesia, mas nunca posto em prática, pelas mil e uma razões que não sei explicar.

Perguntava-me recentemente porquê. Percebi que na realidade não sei o que é poesia e talvez nunca venha a saber... por muito que o meu coração se entristeça...

Será um estado de Ser?
Será um delírio da Alma?
Será um perder-se ou um encontrar-se?
Será um render-se ou um deixar-se levar?... E para onde?... Onde?

Talvez seja...

deixar-se levar de autocarro por ruas estreitas onde este não possa passar;
caminhando por passeios e pátios, ver o mundo das gentes
e apanhá-lo mais à frente, para deixar-se levar sem destino,
perguntando aos poucos passageiros: "Para onde vais?"
E ouvir as suas respostas indo com esse alguém buscar o que o outro busca
e talvez encontrar Pessoa a ser recitado nalgum bar simples de Lisboa.

Ou talvez não...

Félix (R.P.)