Conhecera Niraj no Atmakuteer (casa da Alma) em Rishikesh reencontrando-o no Yacharam Ashram, no Andhra Pradesh, depois de ter saltitado pelos locais descritos na última edição.
De Rishikesh viera Guruji e de vários pontos de Andhra Pradesh os vários membros (como usualmente costumam chamar-se); Inderjeet Babaji, "antigo discípulo de Guruji, é o anfitrião da "Yajnya celebration".
O endereço que transporto era Sai Krupa Ashram, em Hyderabad, onde me dirijo e é lá que tomo conhecimento da existência deste Yacharam Ashram e da dita celebração.
Pouco tempo depois um jeep aparece e alguns conselhos são me transmitidos, num estilo bem Indiano. Mais tarde estamos a percorrer uma estrada de terra; a paisagem é semi-desértica, os campos estão coloridos de amarelo-torrado e salpicados por verde pálido das poucas árvores e arbustos que aumentam de número junto das formações rochosas; uma delas é de base granítica que mais tarde chamaria de "O Vulcão" e à esquerda uma curiosa linha de pedras negras, que se estende por vários quilómetros...
Uma tenda improvisada para o acontecimento serve como suporte logístico e é lá que se encontra Inderjeet Babaji, que vejo pela primeira vez. Prosto-me em sinal de respeito e é a ele que entrego uma caixa de doces, respeitando assim uma tradição Indiana e verbalizo algumas palavras às quais ouço como resposta: "Não importa se dás muito ou pouco mas a intenção da dádiva, é que deve ser verdadeira". Talvez não só pelo que acabava de ouvir mas a forma como ouvi aquelas palavras que simplesmente me fazem sentir como se tivesse acabado de chegar a casa!
Muitas coisas aconteceram durante estes três meses que estive ligado a este espaço, sem que tivesse previsto o quer que seja; tudo foi acontecendo como se já estivesse previsto e eu só tivesse que saborear aquilo que vinha ao meu encontro. Se momentos há em que as incertezas pareciam dominar (e por vezes, parece), a experiencia que ali se desenrola mostra que esses receios são infundados, não mais do que criações da mente.
O dia seguinte era o inicio do silêncio de Niraj. Conhecido por "Mauna" o praticante compromete-se a manter total silêncio durante determinado período de tempo. No presente caso o compromisso era de 90 dias. Guruji e Babaji abençoaram-no e ele pede a bênção dos presentes num gesto simbólico de inclinar perante cada um dos presentes tocando-lhes os pés.
Depois destes dois primeiros dias regresso ao Ashram de Hyderabad onde sigo alguns conselhos de Inderjeet Babaji que são muito direccionados para o relaxamento profundo, onde o objectivo é trabalhar as tensões profundas desta mente-corpo. Percebi então que aquilo que chamamos de Paz não passa de um estado de Ser, que se manifesta quando relaxamos das nossas tensões e agitações da mente. É nesse Silencio interno, que ao ser sustentado nos trará a Paz que abrirá as portas para as realizações internas e auto conhecimento. Posto assim pode parecer fácil mas a mente é algo bem "poderoso" cheio de "entroncados". Uma vez dizia a Babaji: "É tão difícil alcançar e manter esse estado de relaxar completamente". Ele responde: "Sim é difícil mas não impossível!" A mente agarra-se aos padrões habituais e resistirá... trazendo à superfície as mais diversas dificuldades, qual material que domina escondido nos véus do subconsciente!
Para quem quer conhecer o que existe lá no fundo, bem escondido nestas caves, conciliar técnicas de relaxamento, silencio, alguns exercícios de Yoga, um banho de agua fria ao nascer do Sol, fazer alguns exercícios de Pranayama, deixar-se envolver num ambiente de espiritualidade sobre a orientação de alguém que percorreu estes caminhos, pode transportar a percepção crescente do que é viver em Bem-Aventurança.
Infelizmente, três meses só dá para ter um pequeno contacto, mas é o que é; contudo essa pequena percepção é o contacto com a Vivência, que apesar de precisar de muito trabalho é o suficiente para dizer:
"A minha busca terminou".
Verbalizar tal frase para alguém que tem percorrido milhares de quilómetros tem um sabor muito especial. Quando reflectia a primeira vez acerca desta questão todas as células do meu corpo pareciam vibrar de jubilo, alegria e comoção!...
É com Ira, um ser muito bonito, que retorno ao Yacharam Ashram, onde Niraj continua o seu silêncio, deixando crescer a barba e usa trajes Indianos muito simples...
Envolvo-me, como que contagiado, na prática do silêncio que estendo durando 40 dias, onde contacto com novas realidades que antes pareciam não existir, o que por si só aumenta a dificuldade de as explicar.
Tópicos como novas percepções na relação com a natureza parecem trazer significados cada vez mais profundo, p.e., os nossos movimentos e os dos pavões selvagens pareciam tornar-se cada vez mais próximos, para podermos variadíssimas vezes contemplar estas criaturas sensíveis, consideradas sagradas, em voos coloridos ao por do sol ou ouvi-los em seus cantos a anunciar um novo dia...
Quanta beleza transportam os papagaios que no seu chilrear agitado parecem voar de acordo com determinados movimentos energéticos que vão mudando ao longo de um dia...
Ou as diferentes "vibrações", facilmente percebidas em meditação, provenientes daqueles solos onde não serão alheios os vários fenómenos geológicos que ali ocorreram; Não terá sido por acaso que Niraj sonhara com papagaios comento diamantes e pérolas naqueles solos...
Ou viver sem espelhos...
Ou o mundo dos sonhos que parece entrelaçar-se cada vez mais com a realidade...
(...)
Parece um novo mundo a abrir-se lentamente à medida que nos solidificamos nessa tranquilidade e vamos relaxando de todas as tensões, que nada mais são que identificações às quais nos agarrámos mantendo ligações energéticas, normalmente desconhecidas conscientemente, que alimentam um eu ilusório; "atafulhando" permanentemente as nossa mentes "internas"; e parece ser no meio desse "entulho" que criámos a ideia de liberdade que certamente nunca encontraremos...
(...)
Ira há muito que viajara para Rishikesh, Niraj também regressara com Guruji que viajara ao nosso encontro após aqueles três meses trazendo um sabor muito, muito especial; eu prolongo o meu silêncio preparando-me também para viajar ate ao Sri Lanka.
Estou na minha cabana de canas de bambu e cobertura de palha de arroz, deitado no colchão irregular que tem a espessura suficiente para não deixar passar o frio do piso de cimento e qual não é o meu espanto ao ver uma cobra serpentear em minha direcção, vinda debaixo do pequeno altar que tinha mesmo ali em frente dos meus olhos. Vinha com a tranquilidade de quem faz uma visita amigável; eu admiro-a, nas suas cores de branco e preto, entre o incrédulo e a compreensão do simbolismo de tal acontecimento precisamente no ultimo dia de silêncio e permanência no Ashram. Como Babaji diz: "Não é coincidência, mas sim o sistema!" (precisamente no mesmo sentido em que Prem Baba diz: "A linguagem do Universo é a sincronicidade").
(Abaixo está uma correspondência que enviei logo após esta experiencia que parece falar por si).
"Saudações de Luz...
Nem sei bem por onde começar...
Terminei no dia 14 (de Fevereiro) a prática do silêncio que acabou por durar 40 dias completos. Que experiência! Nunca tinha andado por tais caminhos... E na realidade a percepção que ficou é que o Verdadeiro ainda não tinha começado! Viver totalmente no SILÊNCIO o quão maravilhoso não será?! A experiência por que passei parece ter sido um aproximar a uma janela onde tudo "vibra" noutra frequência! Tal prática permite começar a solidificar estruturas que só vagamente eram tocadas dando o devido tempo para que cresçam para lá dos receios, alterações mentais... que surgem na mente."
"Que o Puro Amor seja vivenciado"
Rui
Próxima edição: "Lágrima doce" - Sri Lanka
De Rishikesh viera Guruji e de vários pontos de Andhra Pradesh os vários membros (como usualmente costumam chamar-se); Inderjeet Babaji, "antigo discípulo de Guruji, é o anfitrião da "Yajnya celebration".
O endereço que transporto era Sai Krupa Ashram, em Hyderabad, onde me dirijo e é lá que tomo conhecimento da existência deste Yacharam Ashram e da dita celebração.
Pouco tempo depois um jeep aparece e alguns conselhos são me transmitidos, num estilo bem Indiano. Mais tarde estamos a percorrer uma estrada de terra; a paisagem é semi-desértica, os campos estão coloridos de amarelo-torrado e salpicados por verde pálido das poucas árvores e arbustos que aumentam de número junto das formações rochosas; uma delas é de base granítica que mais tarde chamaria de "O Vulcão" e à esquerda uma curiosa linha de pedras negras, que se estende por vários quilómetros...
Uma tenda improvisada para o acontecimento serve como suporte logístico e é lá que se encontra Inderjeet Babaji, que vejo pela primeira vez. Prosto-me em sinal de respeito e é a ele que entrego uma caixa de doces, respeitando assim uma tradição Indiana e verbalizo algumas palavras às quais ouço como resposta: "Não importa se dás muito ou pouco mas a intenção da dádiva, é que deve ser verdadeira". Talvez não só pelo que acabava de ouvir mas a forma como ouvi aquelas palavras que simplesmente me fazem sentir como se tivesse acabado de chegar a casa!
Muitas coisas aconteceram durante estes três meses que estive ligado a este espaço, sem que tivesse previsto o quer que seja; tudo foi acontecendo como se já estivesse previsto e eu só tivesse que saborear aquilo que vinha ao meu encontro. Se momentos há em que as incertezas pareciam dominar (e por vezes, parece), a experiencia que ali se desenrola mostra que esses receios são infundados, não mais do que criações da mente.
O dia seguinte era o inicio do silêncio de Niraj. Conhecido por "Mauna" o praticante compromete-se a manter total silêncio durante determinado período de tempo. No presente caso o compromisso era de 90 dias. Guruji e Babaji abençoaram-no e ele pede a bênção dos presentes num gesto simbólico de inclinar perante cada um dos presentes tocando-lhes os pés.
Depois destes dois primeiros dias regresso ao Ashram de Hyderabad onde sigo alguns conselhos de Inderjeet Babaji que são muito direccionados para o relaxamento profundo, onde o objectivo é trabalhar as tensões profundas desta mente-corpo. Percebi então que aquilo que chamamos de Paz não passa de um estado de Ser, que se manifesta quando relaxamos das nossas tensões e agitações da mente. É nesse Silencio interno, que ao ser sustentado nos trará a Paz que abrirá as portas para as realizações internas e auto conhecimento. Posto assim pode parecer fácil mas a mente é algo bem "poderoso" cheio de "entroncados". Uma vez dizia a Babaji: "É tão difícil alcançar e manter esse estado de relaxar completamente". Ele responde: "Sim é difícil mas não impossível!" A mente agarra-se aos padrões habituais e resistirá... trazendo à superfície as mais diversas dificuldades, qual material que domina escondido nos véus do subconsciente!
Para quem quer conhecer o que existe lá no fundo, bem escondido nestas caves, conciliar técnicas de relaxamento, silencio, alguns exercícios de Yoga, um banho de agua fria ao nascer do Sol, fazer alguns exercícios de Pranayama, deixar-se envolver num ambiente de espiritualidade sobre a orientação de alguém que percorreu estes caminhos, pode transportar a percepção crescente do que é viver em Bem-Aventurança.
Infelizmente, três meses só dá para ter um pequeno contacto, mas é o que é; contudo essa pequena percepção é o contacto com a Vivência, que apesar de precisar de muito trabalho é o suficiente para dizer:
"A minha busca terminou".
Verbalizar tal frase para alguém que tem percorrido milhares de quilómetros tem um sabor muito especial. Quando reflectia a primeira vez acerca desta questão todas as células do meu corpo pareciam vibrar de jubilo, alegria e comoção!...
É com Ira, um ser muito bonito, que retorno ao Yacharam Ashram, onde Niraj continua o seu silêncio, deixando crescer a barba e usa trajes Indianos muito simples...
Envolvo-me, como que contagiado, na prática do silêncio que estendo durando 40 dias, onde contacto com novas realidades que antes pareciam não existir, o que por si só aumenta a dificuldade de as explicar.
Tópicos como novas percepções na relação com a natureza parecem trazer significados cada vez mais profundo, p.e., os nossos movimentos e os dos pavões selvagens pareciam tornar-se cada vez mais próximos, para podermos variadíssimas vezes contemplar estas criaturas sensíveis, consideradas sagradas, em voos coloridos ao por do sol ou ouvi-los em seus cantos a anunciar um novo dia...
Quanta beleza transportam os papagaios que no seu chilrear agitado parecem voar de acordo com determinados movimentos energéticos que vão mudando ao longo de um dia...
Ou as diferentes "vibrações", facilmente percebidas em meditação, provenientes daqueles solos onde não serão alheios os vários fenómenos geológicos que ali ocorreram; Não terá sido por acaso que Niraj sonhara com papagaios comento diamantes e pérolas naqueles solos...
Ou viver sem espelhos...
Ou o mundo dos sonhos que parece entrelaçar-se cada vez mais com a realidade...
(...)
Parece um novo mundo a abrir-se lentamente à medida que nos solidificamos nessa tranquilidade e vamos relaxando de todas as tensões, que nada mais são que identificações às quais nos agarrámos mantendo ligações energéticas, normalmente desconhecidas conscientemente, que alimentam um eu ilusório; "atafulhando" permanentemente as nossa mentes "internas"; e parece ser no meio desse "entulho" que criámos a ideia de liberdade que certamente nunca encontraremos...
(...)
Ira há muito que viajara para Rishikesh, Niraj também regressara com Guruji que viajara ao nosso encontro após aqueles três meses trazendo um sabor muito, muito especial; eu prolongo o meu silêncio preparando-me também para viajar ate ao Sri Lanka.
Estou na minha cabana de canas de bambu e cobertura de palha de arroz, deitado no colchão irregular que tem a espessura suficiente para não deixar passar o frio do piso de cimento e qual não é o meu espanto ao ver uma cobra serpentear em minha direcção, vinda debaixo do pequeno altar que tinha mesmo ali em frente dos meus olhos. Vinha com a tranquilidade de quem faz uma visita amigável; eu admiro-a, nas suas cores de branco e preto, entre o incrédulo e a compreensão do simbolismo de tal acontecimento precisamente no ultimo dia de silêncio e permanência no Ashram. Como Babaji diz: "Não é coincidência, mas sim o sistema!" (precisamente no mesmo sentido em que Prem Baba diz: "A linguagem do Universo é a sincronicidade").
(Abaixo está uma correspondência que enviei logo após esta experiencia que parece falar por si).
"Saudações de Luz...
Nem sei bem por onde começar...
Terminei no dia 14 (de Fevereiro) a prática do silêncio que acabou por durar 40 dias completos. Que experiência! Nunca tinha andado por tais caminhos... E na realidade a percepção que ficou é que o Verdadeiro ainda não tinha começado! Viver totalmente no SILÊNCIO o quão maravilhoso não será?! A experiência por que passei parece ter sido um aproximar a uma janela onde tudo "vibra" noutra frequência! Tal prática permite começar a solidificar estruturas que só vagamente eram tocadas dando o devido tempo para que cresçam para lá dos receios, alterações mentais... que surgem na mente."
"Que o Puro Amor seja vivenciado"
Rui
Próxima edição: "Lágrima doce" - Sri Lanka
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